Tuesday, April 07, 2009

Eles estão de volta... e melhores que NUNCA!

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E já agora deixo em anexo uma genial auto-entrevista, CM 5 de Abril 2009:

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Zé Pedro - Tim, o que nos dizes das letras que fizeste para este disco?

Tim – Há uma em especial que me diz muito: ‘O Falcão’, que foi uma música que o João Cabeleira trouxe, mas a letra faz uma espécie de ponte entre os problemas de hoje e os de ontem e gosto muito de cantar aquilo. De resto, gosto de todas, embora às vezes ache que há algumas palavras mais bem metidas que outras… mas pronto… isto são letras de músicas, não é a Bíblia (risos).

Z.P. – Eh, pá, acho que as conseguiste fazer muito bem.

João Cabeleira – Mas no CD que vocês me deram estavam lá escritos os nomes das músicas e, em vez de ‘Falcão’, vinha ‘facão’… (risos) eu a olhar para aquilo e a pensar, de facto um facão voa um bocadinho mas baixinho e depois tem tendência a cair e a espetar-se… (risos).

Tim - Olha, e qual foi a canção que tu não estavas nada à espera que saísse assim?

J. C. - O ‘Superjacto’. Eu já gostava muito do tema mas à medida que o fomos fazendo passei a gostar ainda mais, pela vocalização do Tim, pela letra, tudo.

T. - E agora quando é que vamos gravar outro álbum? Só no 35º aniversário?...

Z.P. - Não. Mas tem de ser também na altura certa. O importante é sentirmos o momento em que as relações estão no ponto e que nos permitem ir para estúdio e trabalhar em novas canções. Em fases mais complicadas das nossas relações as coisas não surgem e, além disso, está-se a atiçar atritos, coisas que não vale a pena estar a lançar em cima da mesa.

K – Eu gramava nos próximos dois anos.

Gui - Isso depende sobretudo de ti!

K – De mim?!

J.C. –Pois… tu é que fazes ‘tum tum’ para a gente tocar (risos).

T – Se há coisa que nunca percebi é por que é que vocês ficam tão frágeis e tão enervados em estúdio. Acabam por nem sequer usufruir dos momentos.

J.C. – Sente-se o mesmo que antes dos espectáculos... Antes de começar a trabalhar, estou nervoso. Depois de começar é que passo para outro patamar.

T – O pessoal acusa muito a pressão.

Z.P. – Mas neste álbum isso até nem aconteceu tanto… eu senti-me calmo e seguro em relação àquilo que estava a fazer. Também depende das condições que temos para gravar e, neste caso, tivemos um bom estúdio, um bom ambiente, um produtor com excelente disponibilidade.

G – Houve até alturas de desbundas...

K – A malta foi muito mais cooperativa desta vez. Pela primeira vez na nossa carreira até assinámos um tema em conjunto. Nunca tinha acontecido e, só por isso, este disco já é emblemático. Toda a gente apareceu com músicas...

T – Se calhar, mesmo antes de começarmos a fazer o álbum, eu tinha uma ideia mais concreta do que vocês sobre a forma como este disco iria soar. Estava só à espera que as coisas acontecessem de forma mais equilibrada. Era por isso que queria perguntar, a todos, o que é que acharam?

Z.P. – O resultado final para mim é excelente. Este disco é talvez dos mais sólidos e equilibrados do que a maioria dos que já fizemos. Ao longo dos anos temos feito canções que até resultaram, mas que quando as fizemos eram assim um bocado… não se sabia de onde vinham e para onde é que iam.

K – Mas de certeza que este disco também tem músicas que vão logo ser excluídas dos concertos, ou não é assim?

T – Mas isso é normal. Se um concerto dura hora e meia, duas horas, não podemos tocar tudo…

Z.P. – Ainda assim, isso não tira a coesão ao disco. Claro que para tocar ao vivo há algumas que vão adaptar-se melhor que outras. Também há canções que provavelmente vamos começar a tocar mas depois vamos abandonar… é mesmo assim.

K – Há músicas que foram feitas para tocar e outras só para se ouvir, certo?

T – Isso é um facto que não podemos ignorar. E por outro lado há sempre músicas à espera para entrar no alinhamento, quer sejam novas ou velhas. Quando se entra num palco, às vezes, sente-se logo a ‘pressão’ das músicas velhas. Depende muitos dos ambientes. Tendo em conta que temos cento e tal músicas para tocar, é sempre muito difícil conjugar tudo e todos os gostos.

J.C. – Houve uma altura em que fazíamos questão de tocar um álbum todo.

K – Quando lançámos ‘Dados Viciados’, lembro-me eu, chegámos a Coimbra e tocámos aquilo tudo de uma ponta à outra.

J.C. – Mas já ninguém faz isso…

Z.P. – Nos ‘Dados Viciados’ não acho mal… mal ou bem é o nosso disco conceptual e tirar as canções daquele contexto podia ser perigoso, mas já se fez.

G – Agora é que a escolha vai ser complicada, em Abril, quando começarmos a tocar.

G – E por falar em Abril… também temos uma canção de intervenção…

J.C. - É cantada ali pelo ‘murcão’ (aponta para Kalu).

K – Em quase todos os discos que fazemos temos sempre uma música meio maluca, e desta vez calhou ser esta. Eu tinha a letra feita e o Tim depois deu-me a maior ajuda do Mundo. Desafiou-me: 'não tens coragem de cantar esta malha'.

T – O Kalu já tinha apresentado aquilo como uma canção há uma série de tempo e aquilo sempre me tinha parecido uma canção a ‘mandar vir’ e já lhe tinha dito.

K – Ainda assim, acho que a minha voz ficou muito alta, mas isso se calhar já é mesmo complexo...

Z.P. – O John Lennon tinha esse complexo.

K – Não consigo é livrar-me da pronúncia do Norte!

J.C. – Já não havia paciência… o Kalu estava sempre a puxar a canção para trás.

Z.P. – Arranja-se sempre maneira. Também tivemos o Pacman a cantar.

T – O Carlão revelou-se a pessoa que podia fazer isto. Acho que ganhámos muito com a participação dele.

Z.P. – Mudávamos muita coisa neste nosso percurso de 30 anos?

K – Eu mudava a sala de ensaios! Não… não há nada a mudar nesta m*… Nós somos assim, cada um com o seu feitio mas damo-nos bem. O que é certo é que quando estamos aflitos ligamos logo uns aos outros. Eu falo por mim, quando tenho um problema é a estes gajos que conto primeiro. E isso provavelmente quer dizer alguma coisa. Não ultrapassámos tudo na maior. Não. Às vezes foi mesmo difícil. Mas esse é o segredo dos Xutos: primeiro que tudo, primeiro que músicos até, somos amigos, somos uma família.

J.C.– Às vezes há desculpas a pedir, outras não. É assim. Eu não mudava nada.

Z.P. – Não mudava nada. Nem os problemas, pois conseguimos ultrapassá-los. É nos momentos maus que as bandas vêem a sua fibra. Os piores momentos dos Xutos, como a saída do Francis, a nossa jornada no Brasil que não correu bem, até casos recentes só nos uniram mais e fortaleceram.


MAS COMO É QUE ELES SE ATURARAM 30 ANOS?

Zé Pedro - Como é que ainda andamos cá?

Tim – Com muita paciência!

Gui – É como a família: um gajo não se consegue livrar!

João Cabeleira –Não é bem assim. A família não escolhes mas os amigos sim.

Gui – Sei lá se escolhemos...

João Cabeleira - Não digas isso... senão isto não durava estes anos todos. Tu se calhar és aquele que tem menos paciência. De vez em quando, cansas-te e mandas-nos à nossa vida.

Gui- Eu sou o ‘outsider’, mas é o papel que escolhi. Sai da banda quando estava farto e voltei a entrar há 10 anos, como convidado. E ‘tá-se bem.

PERFIS

KALU

É o baterista da banda desde o início. Também integrou o Palma’s Gang.

JOÃO CABELEIRA

É guitarrista solo do grupo desde 1983. Foi fundador dos Vodka Laranja. É o único elemento que não participa vocalmente nos espectáculos.

GUI

Saxofonista da banda. Saiu em 1990 mas regressou aos Xutos em 2004.

TIM

Baixista e vocalista dos Xutos, é autor da maior parte das letras e co-autor de todas as músicas do grupo. Tem três álbuns a solo e fez parte dos Rio Grande.

ZÉ PEDRO

O guitarrista foi o fundador da banda. Também integrou o Palma’s Gang . Participou no filme ‘Sorte Nula’.
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1 comment:

Mário Sousa said...

Muito bom! já cá mora, o original, claro!