Malditos sejam aqueles que encontram o amor, pois neles reside maldade e satisfação ignóbil. Malditos sejam os felizes em conjunto pois neles encontro a minha solidão. Malditos sejam
aqueles me tornam só, pois neles encontro a minha fraqueza. Malditos dos virtuosos que impingem a sucata da sua presunção, pois neles encontro as minhas limitações.Bendita a Maldição: Lá minha revolta encontra apaziguamento. Benditos os fracos pois no meio deles a minha limitação é força. Benditos os mal-amados pois neles o meu amor encontra
resposta. Assim eu me dirijo ao mundo e expresso indignação sobre as suas leis. No inicio era Deus que impunha as leis e explicava o que restava para explicar. Mas a era de Deus já passou. Depois
veio a Evolução que explicou o domínio do forte sobre o fraco. Mas a era da Evolução já passou. E agora chega o meu tempo: Eu prego o contrário do forte onde reside a minha vontade. Eu prego aquele que difere pois é lá que eu me encontro. Eu prego o espirito livre pois é lá o meu espírito vive. Mas agora, o que eu prego ainda não serve a ninguém: o mundo ouvir-me-á quando fôr surdo, vir-me-à quando o sol lhe provocar a cegueira e beber-me-à pela altura da sua morte. Vós surdos, cegos e moribundos são o meu público, o meu auditório e o meu discurso.